Davi Lopes comemora a conquista da medalha ao lado da bandeira do Brasil, juntamente com outros competidores. (FOTO: Arquivo Pessoal) |
Com 24 anos de idade, cursando o 7º semestre de bacharel em Matemática pela sete medalhas de competições internacionais de Matemática. Com o apoio da família e da namorada ele busca sempre melhorar, mesmo que para isso necessite passar 3 horas e meia em um problema com 11 páginas de resolução, como fez em sua última competição.
Universidade Federal do Ceará (UFC), Davi Lopes Alves de Medeiros acumula
Desde 2004, o estudante participa da Olimpíada Brasileira de Matemática, disputa que dá acesso a competições internacionais. Foi selecionado para a Olimpíada Internacional de Matemática em 2008 e em 2009, ganhando prata e bronze; na Romanian Masters in Mathematics em 2010, ganhando bronze, na International Mathematical Competition for University Students (IMC) em 2012 e 2014, ganhando prata e ouro, e na Competição Ibero-americana Interuniversitária de Matemática (CIIM) em 2012 e 2013, ganhando ouro em ambas.
A família sempre o apoiou, sua mãe em especial, que exigia bastante de seus resultados na escola mas também cobrava sua participação nos afazeres domésticos. “Acho que herdei um pouco desse perfeccionismo dela, tanto que fico bem chateado quando não consigo fazer algo direito. Por outro lado, a vontade de melhorar é o que me levou longe!”
Quando criança, tinha dificuldade em fazer contas e mesmo não tendo bons resultados em suas primeiras olimpíadas, persistiu estudando e buscando novos desafios. Após tanto aprendizado e vitórias, hoje ele percebe que matemática é muito mais do que fazer conta. “Matemática envolve raciocínio lógico, teorias que permitam descrever a realidade e estudá-la. Tenho uma ideia bem formada sobre o ensino fundamental de matemática nas escolas: deveriam ensinar menos aritmética e estudar mais o raciocínio matemático, explicando de onde as fórmulas veem e como chegar até elas através de demonstrações. O ensino da matemática no Brasil ainda tem muito a evoluir”, propõe.
Problema quase sem fim
A avaliação foi realizada na Costa Rica em dois dias seguidos, com cada dia de prova tendo duração de 4h30min, e 3 problemas. O conteúdo abordado teve problemas de cálculo, análise, teoria dos números, álgebra linear, equações diferenciais, topologia, variáveis complexas, combinatória, geometria analítica e outros. No primeiro dia de prova, Davi ficou preocupado pois os dois primeiros problemas eram acessíveis mas o terceiro, segundo ele, era extremamente difícil.
Como não gosta de ficar na “zona de perigo”, foi para o segundo dia de prova mais pressionado. Nesse dia, encontrou mais dificuldade, pois apenas um problema era fácil e os outros dois eram bem difíceis. Confuso, Davi não sabia em qual dos dois problemas deveria pensar mais. No problema 5, sentiu que tinha uma solução curta, mas não conseguia achar e decidiu que o melhor fazer várias contas para conseguir o resultado.
A viagem foi custeada pelo governo federal, através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). “Gostei bastante de conhecer a Costa Rica, de conhecer pessoas que compartilham o mesmo gosto pela matemática que eu tenho, e que ao mesmo tempo são jovens como eu e que gostam de sair, bater um papo cabeça e se divertir também”, comenta.
Além de competir, Davi Lopes viajou algumas vezes como professor jurado para a Olimpíada Rioplatense, na Argentina, representando a equipe de Fortaleza e defendendo as questões dos alunos. “Creio que essa experiência é ainda mais legal, pois vejo que a olimpíada de matemática em Fortaleza tem muitos talentos e sou extremamente feliz por ajudar tais talentos a evoluir”.
Rotina
Além de frequentar a universidade, Davi costuma dar aulas de olimpíada para quem deseja preparar-se para a competição. Quando chega em casa, faz exercícios e estuda para olimpíadas. Davi não altera sua rotina quando uma competição se aproxima, sua preparação é contínua, e para isso, aproveita todo o tempo livre possível para estudar. Após ensinamentos na sala de aula, busca problemas mais desafiadores na internet, como provas de olimpíadas passadas e competições de outros países.
Apesar dos estudos, o lazer não fica de lado. Durante a noite e nos fins de semana, pratica atividades físicas, joga no computador e também aproveita para namorar. “Ela mora perto de casa e é uma menina maravilhosa e estudiosa. Isso é importante, pois tem muita namorada por aí que não deixa o rapaz estudar”. Entretanto, mesmo durante o lazer, os estudos estão presentes.
“Porque não, pensar em questões de olimpíada? Elas são extremamente divertidas, e quando você não está numa prova, não há pressão alguma de tempo ou de resultado e você pode pensar nelas tranquilamente!”, brinca. Depois de formado, o estudante pretende seguir carreira acadêmica, com mestrado, doutorado e lecionar na universidade. Ele acredita que a matemática está presente em todos os momentos. “Para se entender qualquer tipo de coisa, é necessário um raciocínio lógico, e equações que descrevam tal fenômeno, e é aí que a matemática entra. Tudo é matemático, e ouso dizer: até mesmo Deus é matemático”, conclui.
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